Trabajo y familia entre los judeoconversos ibéricos: grupos artesanales en el sur de la Península Ibérica (1550-1750)

Abstract

El planteamiento de esta Tesis pretende un nuevo análisis comparativo sobre el fenómeno de los judeoconversos en la Península Ibérica. Hemos escogido como muestra de análisis el sector artesanal, ya que, siendo uno de los más ampliamente representativos de la minoría cristiano-nueva, desde un punto de vista cuantitativo, es uno de los que menos ha atendido la historiografía especializada. Como casos de estudio hemos tomado los grupos de tejedores de lienzos y plateros. Por otro lado, la propia estructura artesanal constituía una red social por sí misma, el gremio, que fomentaba la amalgama total entre familia y actividad profesional hasta hacerlas parcelas indistinguibles y dependientes entre sí, para poder mantenerse y prosperar. Uno de los objetivos principales perseguidos ha sido analizar si el ámbito artesanal implementó sus propias dinámicas de integración para la minoría judeoconversa en el mundo ibérico (o viceversa), lo que hemos tratado a nivel local entre dos ciudades del sur peninsular: Évora en Portugal y Córdoba en Castilla. Por su localización, las dos fueron importantes capitales regionales y puntos estratégicos para el comercio y, además, ambas fueron sede de importantes tribunales del Santo Oficio, por lo que en ellas el fenómeno converso sin duda fue más activo. Hemos profundizado en estas estrategias indagando, en primer lugar, su significado demográfico y económico en el mundo urbano. Paralelamente, planteamos un acercamiento a conocer su peso específico entre los poderes y las instituciones políticas locales. En segundo lugar, ahondamos en sus redes profesionales y clientelares: de tipo familiar a través de matrimonios, relaciones con la oligarquía, actividades comunitarias y representaciones culturales y religiosas. El aspecto más atractivo del estudio es el análisis del mismo fenómeno social puesto bajo unas circunstancias diferentes a través de un tiempo largo, lo que permite apreciar su evolución de forma sincrónica. Para ello, se han reconstruido estos grupos artesanos y judeoconversos de forma detallada, hasta donde hemos podido, planteando sus principales caracteres y comportamientos. Así, este enfoque métodológico bottom-up ayuda a establecer el marco en el que se desenvolvía el grupo, principalmente en tres sectores: el oficio, la familia y la cofradía-gremio como lugares de socialización, solidaridades e integración, pero también, como se verá, de conflictos. Para lograrlo, la Historia Comparada es la clave metodológica que nos ha permitido profundizar en similitudes y diferencias entre coyunturas y estrategias de muy diverso tipo (económicas, políticas, demográficas, culturales) entre escenarios donde la frontera política sólo ha sido un referente. Otro de los pilares de este trabajo ha sido el constante cruzamiento de fuentes en varios fondos documentales de distinto tipo y localizaciónes (protocolos notariales, actas capitulares municipales, de gremios y cofradías profesionales, expedientes inquisitoriales en los Archivos Nacionales de Madrid y Lisboa), además de una extensa y actualizada bibliografía. También ha sido fundamental la Genealogía para el estudio de la estructura específica de la familia conversa como grupo social y sus roles con relación al factor laboral y familiar de las mujeres, a través de los presupuestos de la Historia de Genéro. Igualmente, analizamos cómo fueron afectados por la actuación represora de la Inquisición y las políticas regias, con especial atención al fenómeno criptojudío, y las formas de ocultación del origen converso y su evolución (patronímica, emigración, religiosidad…). Una de las conclusiones más relevantes del estudio es que el oficio artesano fue, durante la época moderna, un hecho diferencial con respecto a otros a la hora de determinar la identidad de los individuos y de los grupos y de interrelacionarse con el resto de la sociedad. Por otro lado, queda demostrado que un buen número de artesanos tenía este origen judeoconverso y que, en los conjuntos analizados, no parece que el peso de la genealogía religiosa fuera obstáculo para ejercer su oficio. Antes bien, el oficio constituyó en buena medida un medio para su integración y la mayoría de estas familias, de tradición artesana y conversa, lo utilizaron como vía para su ascenso económico y social. Así como hubo familias que pasaban el oficio de generación en generación, también transmitían prácticas criptojudías –tarea en especial de las mujeres– que eran perseguidas por la ortodoxia. Se aprecian diferencias en la composición de los núcleos familiares, en su posición política, en las conexiones económicas y en su movilidad geográfica, lo que les impulsaba a una endogamia que resulta muy recurrente en algunas familias. Por útimo, se remarca el enorme peso que tienen cofradías y hermandades profesionales y religiosas a la hora de procurar la integración de los conversos, cuyo poder simbólico amortizaron aprovechando su función social inclusiva para mejorar su imagen pública. Este hecho que no se halla reñido con que continuaran resistiendo en su fe o fueran criptojudíos.

O objetivo desta Tese é uma nova análise comparativa do fenómeno dos cristãos-novos na Península Ibérica. Escolhemos o artesanato como amostra de análise –tomando os grupos dos tecelões e dos ourives–, uma vez que, sendo um dos mais representativos da minoria cristã-nova é um dos sectores que menos atenção tem recebido na historiografia especializada do ponto de vista quantitativo. Por outro lado, a própria estrutura artesanal constituía uma rede social própria que favorecia a total fusão da atividade familiar e profissional, ao ponto de as tornar indistinguíveis e dependentes uma da outra. Um dos principais objectivos foi analisar se o artesanato implementou uma dinâmica própria de integração da minoria cristã-nova no mundo ibérico (ou viceversa), que discutimos a nível local entre duas cidades do sul da Península: Évora em Portugal e Córdova em Castela. Ambas eram importantes capitais regionais e pontos estratégicos para o comércio e, além disso, eram importantes sedes do Santo Ofício, pelo que o fenómeno judaico foi sem dúvida mais activo nelas. Aprofundámos estas estratégias, começando por investigar o seu significado demográfico e económico no mundo urbano. Ao mesmo tempo, abordámos a questão do seu peso específico entre os poderes e as instituições políticas locais. Em segundo lugar, tratamos das suas redes profissionais e clientelares: as redes familiares através de casamentos, relações com a oligarquia, actividades comunitárias e representações culturais e religiosas. O aspeto mais atraente é a análise do mesmo fenómeno social em circunstâncias diferentes durante um longo período de tempo, o que permite apreciar a sua evolução de forma sincrónica. Para tal, reconstruímos estes grupos artesanais e cristãos-novos de forma detalhada, tanto quanto foi possível, delineando as suas principais características e comportamentos. Esta abordagem bottom-up, de baixo para cima, ajuda a estabelecer o quadro em que o grupo se desenvolveu, principalmente em três sectores: o comércio, a família e a corporação como lugares de socialização, solidariedade e integração, mas também, como veremos, de conflito. Para isso, a História Comparativa é a chave metodológica que permitiu aprofundar as semelhanças e diferenças entre situações e estratégias muito diversas (económicas, políticas, demográficas, culturais) entre palcos dos dois países. Outro dos pilares deste trabalho tem sido o constante cruzamento de fontes em diversos acervos documentais de diferentes tipos e localizações (cartórios notariais, registos municipais, de corporações e confrarias profissionais, informações inquisitoriais dos Arquivos Nacionais de Madrid e Lisboa), bem como uma extensa e actualizada bibliografia. A genealogia foi também fundamental para o estudo da estrutura específica da família como grupo social e dos seus papéis em relação ao fator laboral e familiar das mulheres, através da Hhistória do Género. Da mesma forma, analisamos como foram afectadas pela ação repressiva da Inquisição e pelas políticas reais, com especial atenção para o fenómeno cripto-judaico, e as formas de ocultação da origem judaica e sua evolução (apelidos, emigração, manifestações de religiosidade...). Uma das conclusões mais relevantes do estudo é que o artesanato foi, durante a época moderna, um dado diferencial com respeito a outros na determinação da identidade de indivíduos e de grupos e na inter-relação com o resto da sociedade. Por outro lado, demonstrou-se que um bom número de artesãos tinha essa origem cristãonova e que, nos grupos analisados, não parece que o peso da genealogia religiosa fosse um obstáculo ao exercício do seu ofício. Pelo contrário, o ofício era, em grande medida, um meio de integração, e a maior parte destas famílias, com uma tradição mecânica e judaica, utilizava-o como um meio de promoção económica e social. Assim como havia famílias que transmitiam o ofício de geração em geração, também transmitiam práticas cripto-judaicas –tarefa especialmente das mulheres– que eram perseguidas pela ortodoxia. As diferenças verificam-se na composição dos núcleos familiares, na sua posição política, nas suas ligações económicas e na sua mobilidade geográfica, o que conduziu a uma endogamia muito recorrente em algumas famílias. Finalmente, destaca-se o enorme peso das confrarias e irmandades profissionais e religiosas na integração dos cristãos-novos, cujo poder simbólico foi amortizado aproveitando a sua função social inclusiva para melhorar a sua imagem pública. Este facto não é contraditório com o facto de continuarem a resistir na sua fé ou de serem cripto-judeus.